Brasil zera fila de tratamento de hepatites virais.
Ministério da Saúde divulga dados inéditos de hepatites virais no país, com destaque para Hepatite C, que apresentou queda na taxa de mortalidade e no número de óbitos
No Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais (28/7), o Brasil comemora avanços nas ações para eliminação das hepatites virais até 2030. O Ministério da Saúde reestruturou o modelo de aquisição, programação e distribuição dos medicamentos para hepatites virais em agosto de 2019 e agora se prepara para reestruturar o modelo de dispensação. O resultado é o fim da espera dos medicamentos pelos pacientes. Foram adquiridos 50 mil tratamentos para hepatite C em março deste ano para garantir o abastecimento da rede por, no mínimo, um ano, bem como há estoques dos medicamentos para hepatite B que devem abastecer a rede até o primeiro trimestre de 2021.
O balanço de ações foi apresentado nesta terça-feira (28/7) pelo secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, e pelo diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Pereira.
O Ministério da Saúde distribuiu 54.710 tratamentos para hepatite C entre 2019 e junho de 2020. Como isso, ultrapassou-se a marca de mais de 125 mil pessoas tratadas com os novos antivirais de ação direta (DAA), que curam mais de 95% dessas infecções. “O envio dos medicamentos deixou de ser realizado trimestralmente e passou a ser feito mensalmente, permitindo maior agilidade para atendimento dos pacientes. Com maior controle também é possível o envio do estoque de segurança, que corresponde a 20% do consumo apresentado pelos estados”, destacou Arnaldo Correia.
Segundo o diretor Gerson Pereira, apesar do cenário da pandemia da Covid-19, esse foi um ano importante para o combate às hepatites virias. “Garantimos o abastecimento de medicamentos para as hepatites e conseguimos desburocratizar o tratamento desses pacientes, porque quem precisa de medicamento tem pressa”, ressaltou.
As distribuições de medicamentos, bem como o número de pacientes efetivamente tratados para as hepatites B e C podem ser acompanhados por meio do Painel Informativo sobre tratamento das hepatites virais, lançado este ano e que confere maior transparência às informações.
Controle de surtos de hepatites e menor taxa de casos em 2019
Nos últimos 20 anos foram registrados 673.389 casos de hepatites, ocasionadas pelos vírus A (25%), B (36,8%), C (37,6%) e D (0,6%). Em relação aos óbitos, no mesmo período (2000 a 2018), foram identificados no Brasil 74.864 mortes por causas básicas e associadas às hepatites virais. Destas, 1,6% (1.189) foi associada à hepatite viral A; 21,3% (15.912) à hepatite B; 76,02% (57.023) à hepatite C e 1,0% (740) à hepatite D.
No ano de 2009, no Brasil, a taxa de incidência de hepatite A era semelhante à taxa de hepatite C – 5,7 por 100 mil habitantes. Em 2019, a taxa de hepatite A apresentou importante queda, atingindo 0,4/100 mil habitantes, a menor já registrada em toda a série histórica, com o total de 891 casos registrados.
Já a hepatite C, embora represente o maior número de óbitos, vem apresentando queda no coeficiente de mortalidade e no número de óbitos, desde 2015. Em 2014, foram registrados 2.087 óbitos relacionados a hepatite C, já em 2018 foram 1.491 mortes, restando uma queda de 25% no número de óbitos por hepatite C, neste período.
Em 2019, o maior percentual de casos notificados de hepatite B ocorreu entre as pessoas de 60 anos ou mais (14,6%). O grupo etário acima de 60 anos ou mais foi o único que apresentou aumento nas taxas de detecção nos últimos dez anos com taxa passando de 6,1 casos para 7,3 a cada 100 mil habitantes. Em 2018 e 2019, a maior taxa de detecção da hepatite B foi observada em homens na faixa etária dos 50-54 anos, sendo de 16 casos por 100 mil habitantes em 2018 e 14,6 casos por 100 mil habitantes em 2019.
Acesso a medicamentos
Pacientes em tratamento de hepatites virais terão acesso mais ágil aos medicamentos. Antes o processo para solicitação e retirada podia durar até 11 meses, em alguns lugares. O Ministério da Saúde, em alinhamento com estados e municípios, conseguiu reduzir este processo para no máximo um mês, a partir de uma reorganização na estrutura da assistência farmacêutica em que o paciente pode pegar o medicamento nos postos de saúde. Também abriu a possibilidade de tratar casos sem cirrose da hepatite C já na Atenção Primária. Os efeitos poderão ser observados a partir dos próximos meses, com o início das estruturações locais na rede.
O Ministério da Saúde também garantiu a testagem da população com o envio de 12,9 milhões de testes para hepatite C entre o ano passado e maio de 2020. Para o diagnóstico da hepatite B na rede pública, a pasta enviou outros 12,9 milhões de testes no mesmo período. Além disso, neste ano, a pasta já enviou aos estados mais de 6,6 milhões de doses da vacina contra a hepatite B e para prevenir a hepatite A distribuiu mais de 1,7 milhão de doses da vacina.
Para o secretário Arnaldo Correia, a pandemia tem afastado a população dos postos de saúde e ressaltou a importância de procurar uma unidade para a vacinação. “É fundamental manter a carteira de vacinação atualizada porque dessa forma conseguimos prevenir doenças e salvar vidas. As pessoas ficaram com medo, até mesmo no caso de verificar sintomas. Muitas vezes elas se sentem mal, mas ficam em casa. Ao sentir algum sintoma como alteração na cor da pele, distúrbios gastrointestinais, é necessário procurar um médico”, alertou.
Outra ação de destaque é a indicação de testagem universal da hepatite C para gestantes na revisão do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Transmissão Vertical da hepatite C, que está em análise na Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). Esse tipo de transmissão pode ser eliminado com diagnóstico de todas as mulheres com a doença para o estabelecimento das medidas de prevenção adequadas.
Em junho deste ano, o Ministério da Saúde também enviou para toda a rede SUS recebeu documento contendo as orientações de fluxos a serem adotados pelas clínicas de diálise para microeliminação da hepatite C: triagem, diagnóstico, tratamento e monitoramento de pacientes submetidos à diálise. O documento foi discutido com a Sociedade Brasileira de Nefrologia e Hepatologia, parceira para a implementação da estratégia. O objetivo é reforçar as orientações aos profissionais de saúde para cuidados e prevenção da hepatite C nos serviços de diálise.
Também foi realizada atualização e divulgação da cartilha ABCDE de Hepatites virais por meio virtual – Distribuição virtual para todas as coordenações estaduais de Hepatites virais. Voltada aos Agentes Comunitários de Saúde, a cartilha faz parte das ações para qualificação de profissionais da APS sobre as hepatites virais.
Saiba mais sobre hepatites acessando a página especializadado ministério
Por Cristiane Ventura e Natália Monteiro, da Agência Saúde
Share this content:
Publicar comentário